quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Lendas (1)... Stefano Dal Lago (Itália)

Ele foi o mago do hóquei em patins italiano, e por consequência um dos mais virtuosos artistas da modalidade a nível planetário. Brilhou, e fez brilhar, na era dourada do hóquei transalpino, ajudando a sua seleção a dominar o planeta do hóquei em parte da década de 80. O seu nome é Stefano Dal Lago, e para muitos ele foi o líder da geração de ouro de Itália que venceu os Campeonatos do Mundo de 1986 e 1988. Dal Lago nasceu em Trissino, a 6 de maio de 1964, e deu os primeiros passos com os patins aos 8 anos de idade no clube da sua terra natal, o Hockey Trissino, emblema onde fez todo o seu percurso de formação. Cedo se percebeu que estava ali um talento puro, e com apenas 16 anos estreou-se na equipa principal do clube. Dois anos mais tarde,  em 1982, o seu nome começa a ser conhecido internacionalmente, pois foi figura central do Campeonato da Europa de juniores ganho pela Squadra Azzura, numa altura em que já atuava na melhor equipa de Itália, o Hockey Novara, que dispunha então dos melhores jogadores italianos. Entre 1983 e 1888 venceu com a camisola do clube de Piemonte três campeonatos de Itália (84/85, 86/87, e 87/88), quatro Coppa Italia (84/85, 85/86, 86/87, e 87/88), e uma Taça CERS (84/85).

Foi na década de 80 que ele liderou a Itália nos Mundiais de 1986 (realizado em Sertãozinho, no Brasil) e de 1988 (disputado na cidade espanhola da Corunha). Em ambos os torneios os transalpinos levaram a melhor sobre os rivais Espanha, Portugal e Argentina, as outras potências do hóquei em patins planetário. No curto espaço de três anos Dal Lago vence dois campeonatos mundiais pelo seu país, que até então só guardava no seu palmarés um título planetário (arrecadado em 1953). No Brasil, a geração dourada do hóquei italiano concluía com êxito um trabalho iniciado quatro anos antes, no Europeu de juniores, exibindo um nível técnico e tático soberbo, um hóquei explosivo, no bom sentido, praticado por uma seleção poderosa com um grande nível físico, tático e mental. Para muitos historiadores da modalidade, Dal Lago era a estrela da companhia, mas havia outras estrelas, outras lendas italianas, como o guarda-redes Cupisti, passando por Tommy Colamaria, Bernardini, Roberto Crudeli, Massimo Mariotti, Bibi Milani, "Cirio" Girardelli, até Pino Marzella. Uma Itália de sonho que não deu hipóteses a uma Espanha onde pontificavam nomes como Torner e Alabart; a uma seleção de Portugal liderada pelo mago Vítor Hugo, e à Argentina (que chegava ao Brasil como campeã mundial em título) onde sobressaía Martinazzo. Nesse Mundial a Itália teve um domínio absoluto, alcançando vitórias contra Portugal (8-3), Espanha (2-1), e Argentina (5-2), terminando em 1.º lugar com 18 pontos - na época o Mundial era jogado em sistema de "todos contra todos", vencendo a seleção que somasse mais pontos. Dotado de uma técnica incrível, capaz de mudar de ritmo de jogo de forma repentina, Dal Lago encantou nesse Mundial.

E faria o mesmo dois anos mais tarde, em território espanhol, quando dos nove jogos disputados a Squadra Azzura venceu oito e empatou apenas um, com Portugal, sagrando-se assim bi-campeã mundial. E foi na sequência deste título, a somar aos triunfos internos com o Novara, que Stefano Dal Lago foi considerado o melhor jogador do Mundo em 1988. E foi como o melhor do planeta que ele viria a falecer de forma trágica nesse mesmo ano de 88, quando no decorrer de um jogo da Taça de Itália entre o Novara e o Forte dei Marmi teve uma paragem cardíaca que o levaria à morte com apenas 24 anos de idade!

Como forma de homenagear esta lenda do hóquei em patins, a cidade de Novara instituiu nos anos seguintes um torneio batizado de Memorial Stefano dal Lago, ao mesmo tempo que o pavilhão do clube passou a ter o nome daquele a quem chamaram de "a borboleta sobre rodas", tal a forma sublime como jogava/patinava.

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